quinta-feira, 23 de julho de 2009

Relembrar é viver

Estou numa fase um pouco nostálgica de minha vida. Houve um tempo em que eu escrevia um pouco mais freqüentemente (e lia mais freqüentemente), este soneto é resquício daquela época:



Mortais sob meus olhos refletem déias
Serenas, de divino encantamento,
Que de sinceras têm só o sentimento
Que provocam em meu ser cheio de idéias.

A hipocrisia que têm essas ninféias
Usurpa-me o intelecto desatento,
Que logra transformar, num só momento,
Rocinantes em puras Dulcinéias.

Mas tão autêntica é a ninfa que insiste
Em confirmar que ilude, engana e mente,
Que a seus encantos a alma não resiste

E decide, deliberadamente,
Entregar-me à Afrodite que inexiste
E aprisionar-me num sonho consciente.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Correção e surpresa

É Valsa com Bashir, não Valsa de Bashir.

Mais de um mês depois da última postagem, aparece essa, lacônica, curta, sem graça.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Melhor filme de 2009 até agora

Entre Os Muros da Escola


Encontrei paralelos em algumas situações no filme com passagens dos meus 11 anos de vida colegial. É claro que falo isso com um grande parêntese, já que minha realidade de escola particular católica no Rio de Janeiro está a léguas do dia-a-dia de uma escola pública da periferia de Paris cheia de imigrantes.


Ainda assim, percebi semelhanças aqui e acolá, embora não saiba como precisá-las. De qualquer maneira, o filme recebe provisoriamente a alcunha de melhor do ano, e tomara que seu lugar seja superado por outros (a começar por Valsa de Bashir, a que devo assistir esta semana ainda) rapidamente.


O filme emana sinceridade, qualidade atestada pelo elenco de atores amadores, que conta até com o autor do livro que inspirou o filme. Sempre que percebo na tela ou no papel nesgas de realidade, abro um sorriso de orelha a orelha e – não sei por quê – acho graça. Se eu me importasse, isso teria me causado momentos de embaraço em cinemas por aí, porque rio nas horas mais inconvenientes.


O mocinho disse brascubianamente pra mocinha que não se importa com ela? Gargalho. Alguém mente pra conseguir o que quer? Gargalho. Crianças se comportam como crianças (interesseiras, más e maquiávelicas como num filme do Ozu)? Gargalho.


(pule o parágrafo seguinte caso tenha visto o filme)


Em Entre Os Muros da Escola, quando o professor tentou se defender dizendo que não havia chamado as alunas de putas, ri alto. Uma atitude que qualquer um teria caso tivesse feito a merda que ele fez. Foi longe demais, não tinha como voltar atrás, não havia o que fazer além de usar sua autoridade de professor de Francês pra tentar convencer os alunos de que, na verdade, o que ele disse não foi um xingamento, mas uma metáfora, uma metonímia, um anacoluto, um zeugma, ou o que seja.


Real, logo engraçado.

domingo, 5 de abril de 2009

Eficiência de Pareto

Sempre que alguém me diz que é advogado, eu sinto um comichão quase inelutável de responder: "Grandes merda ser adevogado. E depois, todo adevogado é viado mermo."

Estátuas

No final da orla de Copacabana existem duas estátuas, uma do Drummond, outra do Dorival Caymmi. Gosto muito desta idéia de homenagear expoentes da Arte Brasileira na praia, seria uma ótima ver o calçadão povoado de vários grandes. Poderia ter o Tom Jobim sentado em um banco tocando um piano imaginário (Lígia, Lígia), a Carla Perez agachada se apoiando no banquinho, o Vinícius se afogando com uísque.