Estou numa fase um pouco nostálgica de minha vida. Houve um tempo em que eu escrevia um pouco mais freqüentemente (e lia mais freqüentemente), este soneto é resquício daquela época:
Mortais sob meus olhos refletem déias
Serenas, de divino encantamento,
Que de sinceras têm só o sentimento
Que provocam em meu ser cheio de idéias.
A hipocrisia que têm essas ninféias
Usurpa-me o intelecto desatento,
Que logra transformar, num só momento,
Rocinantes em puras Dulcinéias.
Mas tão autêntica é a ninfa que insiste
Em confirmar que ilude, engana e mente,
Que a seus encantos a alma não resiste
E decide, deliberadamente,
Entregar-me à Afrodite que inexiste
E aprisionar-me num sonho consciente.
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